Um infarto agudo do miocárdio tirou Jussara Terra do nosso convívio, no dia 21 de maio último, próximo às 3 horas da madrugada, como convinha a uma fervorosa notívaga. A última meia hora de vida passou com os filhos e alguns amigos, ouvindo música e conversando. Jussara foi casada com Carlos Alberto Rocha Sandrí , com quem compôs algumas músicas e teve cinco filhos: Carlos Alberto, Luis Cezar , Daniel Felipe, .Ana Carla e Luana Claúdia.
Se fôssemos definir Jussara com uma só palavra, esta por certo seria: música. O Clube do Guri, programa da Rádio Farroupilha foi onde fez sua estréia como cantora, na década de 50, quando era ainda uma menina. Foi nesta época que seu pai, Eloy Terra, também organizava caravanas para o litoral e interior do Rio Grande do Sul, reunindo as filhas e artistas das Rádios Farroupilha, Gaúcha e Metrópole. Sendo Triunfo uma das paradas obrigatórias da caravana, com apresentações no Teatro Municipal, aos 9 anos ela já sabia o que era possuir um público cativo.
Durante a sua juventude, cantou em bailes, shows e festas particulares. Na década de 80 além de apresentar-se com a banda de rock Apocalipse, de um de seus filhos, Jussara atuava como relações públicas do Centro Cultural Qorpo-Santo e participava do Coral Arcoires, do Festival de Música Triunfense, MPT, do ‘Prata da Casa’ e do ‘Venha, Veja e Participe’, movimentos culturais dedicados à música e promovidos pelo CCQS, que deu origem mais tarde, em 2008, à Fundação Cultural Qorpo-Santo.
Ela também foi figura destacada no carnaval triunfense, onde esteve à frente de várias escolas e blocos, atuando como puxadora de samba ou desfilando em alguma ala: na Escola da Vó, na Loucos da João, no Paqueras e no Zig Zag. Para este cordão não só criou o enredo e defendeu o samba, mas foi sua compositora, com Fênix, em 1993.
No fim da década de 90 e início dos anos 2000, participou em Porto Alegre dos Corais da UFRGS e da Casa de Cultura Mário Quintana, fez parte da diretoria do Clube do Poeta Riograndense, cantou nos bares ‘Se Acaso Você Chegasse’, de Lupicínio Filho, no ‘Clube do Jazz’ e no ‘Clube do Chorinho’. No bar do Lupinho, ela, o marido, e Gildo Campos (Cará) receberam medalhas de ‘Honra ao Mérito - Lupicínio Rodrigues’, pelo lançamento do CD, ‘Lua Gaudéria nas Porteiras do Rio Grande, Genuinamente Triunfense’ , em 2005.
Em 2007 passou a apresentar-se também: no ‘Barracão do Samba’; ‘Panelão Tchê’; Sociedade Amigos do Rei do Peixe ; e ‘Clube da Saudade’, na praia do Quintão; e ainda no ‘Clube dos Namorados,’ no Pinhal, em alguns fins de semana, até seus últimos dias.
A partir de 2008 começou a cantar no ‘Restaurante Marco Zero’, no 2º piso do Mercado Público, no Centro de Porto Alegre, o que deu-lhe oportunidade de preparar seu segundo cd, por encomenda. Este recebeu por título ‘Triunfo, Outubro 2008’, onde ela interpreta Lupicínio Rodrigues . Foi uma edição limitada, que ela pretendia vê-la reeditada. Deus queira que o seu desejo seja satisfeito, mesmo pós-morte.
Em outubro de 2009, Jussara foi agraciada com a Comenda Qorpo-Santo, concedida pela Câmara Municipal de Triunfo, através de uma proposição do vereador Álvaro Tomaz Castro de Souza.
Jussara ainda teve oportunidade de festejar com a família e amigos, no inicio do mês de maio último, o 9º aniversário do Recanto Cultural, um espaço criado por ela para divulgar o trabalho profissional ou amador dos artistas locais, da região e mesmo do resto do país, que funcionava em sua garagem, mas que tinha encontros itinerantes que ocorriam em vários outros locais. Muita gente boa passou por ali, inclusive artistas famosos.
Adeus Jussara... até qualquer dia! Esperamos que já tenhas te encontrado com nossos conterrâneos que partiram antes de ti: Mestre Tula, Nício, Toninho, seu Antoninho, e tantos outros virtuosos da música.
GLADIS MAIA
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