Espetáculo
estreou no último dia 5 de julho no Teatro Bruno
Kiefer
A vida do dramaturgo, poeta,
jornalista e professor gaúcho Qorpo Santo, que viveu no século XIX cuja produção
é até hoje pouco conhecida e, de certa forma, amaldiçoada, é o mote de
"Santo Qorpo ou o Louco da Província", que estreou hoje, no
Teatro Bruno Kiefer (Andradas, 736), onde fica de quintas a sábados,
às 20h. Inês Marocco dirige o grupo Santo Coletivo, formado por
dez alunos do Departamento de Arte Dramática da Ufrgs, a partir
de algumas obras do autor e principalmente, do livro "Cães
da Província", de Luiz Antônio de Assis Brasil, na pesquisa que trata
de recriar o imaginário da época, ressignificá-lo e entendê-lo.
A peça é livremente inspirada no livro Cães da província, de Luiz Antonio Assis Brasil e no volume Enciclopédia de Q.S. Há, ainda, trechos de seis peças teatrais do escritor, entre elas, Um assovio e Eu sou vida não sou morte. A dramaturgia leva as assinaturas de Áquila Mattos, Jeferson Cabral, Juçara Gaspar e Naomi Luana.
Vítima de um processo de interdição por loucura, a peça mostra Qorpo-Santo como um personagem incompreendido por seus contemporâneos. Ao mesmo tempo em que sua vida transcorre no palco, a encenação, assim como no livro de Assis Brasil, tem como pano de fundo histórias fantásticas, adultérios, crueldades e crimes, como aquela que transpassa toda a trama: os míticos crimes da Rua do Arvoredo.
Aos poucos, a encenação revela um Qorpo-Santo mais radical em suas ideias. Mostra os anos que ele exerceu o cargo de professor, o casamento com Inácia de Campos Leão, a obrigação que ele mesmo se impôs de viver afastado das mulheres para manter a santidade de seu corpo, bem como a pretensão de simplificar a gramática vigente fazendo coincidir uma letra para cada som pronunciado (daí que vem a escrita do seu nome com ‘q’), entre outras facetas do dramaturgo.
“Quando lemos sobre a vida dele, ficamos impressionados com a injustiça de que foi vítima. Hoje Qorpo Santo não seria considerado louco. Ele fazia denúncias que ainda são válidas, e isso incomodava os moradores da cidade”, comenta Inês. Ela também indica que ele era um homem de vanguarda: seu texto A separação de dois esposos revela, talvez, o primeiro casal homossexual da dramaturgia brasileira. Qorpo Santo nunca montou suas peças, consideradas pela especialista “muito difíceis, cruas, com um linguajar da época muito complicado”.
Na foto, da E para a D, Odila Vasconcelos, Assis Brasil, Inês Marocco e Cida Dias.
Na noite de 15 de julho a
coordenadora geral da Fundação Qorpo-Santo Odila Vasconcelos e a escritora Cida
Dias tiveram a oportunidade de assistir a peça. Na ocasião Odila comentou com a diretora: “Nós da Fundação Cultural
Qorpo-Santo, parabenizamos você e ao elenco e faremos todo o possível para
promover uma turnê do espetáculo. e tem mais, podes te orgulhar do trabalho, pois podemos ver a emoção do Secretário Assis Brasil, durante a encenação”.
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